00h30m
ANA GASPAR
Consciente ou inconscientemente, estamos a deixar cada vez mais dados pessoais na net. Há quem os veja como oportunidade de negócio ou para cometer um crime. Os utilizadores desconhecem os dados digitais que fornecem.
"Se não queres que se saiba não coloques na internet". Esta máxima parece começar a fazer cada vez mais sentido, que o diga a canadiana a quem o seguro de saúde deixou de pagar a baixa médica depois dos funcionários terem visto imagens do seu aniversário na rede social Facebook. Mas as informações que deixamos de forma consciente na web não são só aquelas que lá ficam.
De cada vez que se acede a um site, este guarda o registo da identificação do computador, as páginas que visita, as ligações que segue, etc. A partir daí pode-se traçar o perfil daquele utilizador, existindo já pessoas e empresas a despertar para esta nova área de negócio. Apesar dos que gerem as páginas web garantirem a confidencialidade dos dados.
O jornalista norte-americano Stephen Baker, da revista BusinessWeek, chama "numerati" aos investigadores que estudam as páginas da internet que visitamos, as compras que fazemos online, os anúncios em que "clicamos". O seu objectivo é refinar as buscas dos potenciais consumidores com o maior grau de eficiência e o menor custo possível.
Segundo o jornalista, para algumas empresas nem são muito importantes os nomes ou os endereços; os padrões de navegação são suficientes. "Um madrileno que leia um artigo sobre Paris e consulte os preços sobre o vinho tinto de Bordéus terá mais possibilidade, do que os restantes utilizadores, de 'clicar' sobre um anúncio da Air France", exemplifica o jornalista.
Na pré-publicação do seu livro "Numerati", divulgada pelo El País, Baker revela que o portal Yahoo! recolhe uma média mensal de dois mil e 500 dados sobre os seus 250 milhões de utilizadores. E considera o Facebook como um "imenso tesouro de informação pessoal", onde se podem estudar os movimentos de uma comunidade grande e crescente.
Marck Zuckerberg, criador desta plataforma, já anunciou que a rede social vai ser reformulada para garantir maior privacidade. E, recentemente, o Google lançou o serviço Dashboard, uma "plataforma onde o utilizador pode consultar todos os dados que os diferentes produtos do Google têm sobre si. E decidir que informação querem que lá permaneça", conforme revelou em declarações anteriores ao JN, Bárbara Navarro, directora europeia de assuntos institucionais e de governo, do Google Espanha e Portugal.
Mas isso parece ser uma gota no oceano, uma vez que os dados digitais que produzimos são cada vez em maior número.
Voltando a outro exemplo da utilização do Facebook, segundo uma reportagem do ABC, os empregadores recorrem a esta rede para aceder a informações que não constam dos currículos dos seus candidatos: "como se comportam e como irão encarar o ideário e os objectivos da organização". Também recentemente o relatório "Criminoso digital", citado pela agência Reuters, revelou que os assaltantes se fazem passar por amigos dos utilizadores do Twitter e do Facebook, pois são muitos os que acabam por revelar o que vão fazer nas férias ou as mais recentes aquisições.
O estudo, encomendado pela seguradora Legal & General, revela que 92% das pessoas aceita convites no Twitter sem verificar. Outra das conclusões é que se divulgam facilmente na internet dados como o telemóvel e a morada.
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